Antes que eu volte ao tópico sobre trabalho voluntário, não podia deixar passar aqui uma lembrança que tive. Acabei de voltar de Macapá, no norte do Brasil, onde tive um flashback do aeroporto em Luanda. Tanto no aeroporto de Macapá quanto no de Luanda, o check in é feito depois de os passageiros passarem pela polícia. Ambos são super abafados. E, em ambos, o passageiro que tiver fome, tem de passar pela barreira da polícia de novo para ir à lanchonete, que fica do lado oposto ao check in.
Apesar dessas semelhanças, duas coisas são bem diferentes: os diamantes e o banheiro (ou casa de banho). Na minha última viagem a Angola, tive que enfrentar o banheiro do aeroporto de Luanda. Estava enrolando, louca para que o avião chegasse na hora e que eu não precisasse utilizar o banheiro do aeroporto. Aproveitei o tempo para dar uma olhadinha na loja de diamantes. Nunca tinha visto um diamante tão de perto. Aliás, havia um colar de diamantes que custava 140 mil dólares. Enchi os olhos, mas tinha que esvaziar a bexiga. Foi daí que fui ao banheiro.
O banheiro masculino estava interditado para reforma. O feminino não, mas deveria. É daí que entro no banheiro, mais da metade das luzes não funcionava, não havia janela, mas havia muito homem. A primeira porta do banheiro estava encostada. Abri e tinha um homem fazendo xixi. A segunda porta também estava encostada. Abri e tinha outro homem fazendo xixi. Enfim, na terceira tentativa, abri e não encontrei ninguém. Ninguém, nem nada. Não havia água, nem papel higiênico, nem iluminação. Cheirava xixi. E para imitar os homens, também tive que deixar a porta encostada para aproveitar o facho de luz que vinha de fora. Ou seria impossível achar o vaso sanitário. Nessas horas, acho que a falta de luz foi até estratégica. Se o último pingo do xixi do homem sempre cai na tábua, mesmo quando há luz, imagina a situação do banheiro depois de seu uso por homens e sem iluminação! Só para constar, a maioria dos usuários do banheiro era homem. A explicação é que a maioria absoluta dos passageiros era de homens. A TAAG, companhia aérea angolana, é praticamente uma sucursal aérea da Odebrecht. Há até check in separado para os funcionários da empresa brasileira.
Bom, fiz xixi, saí do banheiro e voltei para a sala de embarque. No caminho, passei pela loja de diamantes. Pensei comigo mesma: o aeroporto é reflexo dos paradoxos de Angola. Enquanto um colar de 140 mil dólares está à venda (logo deve haver comprador), o banheiro está um caos.
Se alguém me contasse essa história, não sei se conseguiria acreditar. Mas, infelizmente, é verdade.
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