segunda-feira, 21 de julho de 2008

Da série matérias não publicadas 3

Setor mineiro pode aquecer economia moçambicana*

A expansão bem gerida do setor mineiro em Moçambique é considerada fator essencial para o crescimento econômico do paés e a melhoria da qualidade de vida da população. A afirmação está no Plano de Ação para a Redução da Pobreza Absoluta 2001-2005 (Parpa). O documento, elaborado em 2000, traça as diretrizes para as políticas sociais e econômicas do país na tentativa de redução da pobreza.

Segundo o Parpa, a incidência da pobreza absoluta atinge 69,4% da população moçambicana. Ou seja: 2/3 da população vive abaixo da linha da pobreza, com menos de um dólar por dia. Nas zonas rurais, onde vivem 80% da população, a incidência de pobreza absoluta é de 71,2%. A renda per capta e de cerca de 170 dólares por ano, menos de R$ 1,5 por dia.

O Censo 1997 apontou uma população de aproximadamente 17 milhões de habitantes. De acordo com o Parpa, em 2004 a população poderia crescer ate 18.972.396, mas, devido à epidemia de Aids, o numero pode ser reduzido a 17.867.213. A previsão e de que de 2001 a 2004, 1.105.183 moçambicanos morram por causa da Aids.

A Aids, segundo o Parpa, pode contribuir para a diminuição da expectativa de vida. Em 1997, a expectativa de vida era de 42,3 anos. As estimativas para 2004, sem o impacto da Aids, apontam para 46,3 anos. Com a Aids, entretanto, estimativas indicam que a expectativa de vida pode ser de 35,2 anos.

O Parpa não indica o índice de desemprego da população, estimado em 21%, segundo dados da CIA (agência de inteligência americana), em 2001. Segundo o Parpa, enquanto nas zonas urbanas os não-pobres tendem a ter mais chances de trabalho do que os pobres, nas zonas rurais não existem diferenças neste aspecto. Nessas zonas, não é o emprego em si, mas outros fatores, como o montante do salário ou o número de dependentes, que são os maiores determinantes da pobreza. Nas zonas rurais, aproximadamente todas as pessoas trabalham no setor agrícola, mais particularmente os pobres. Nas zonas urbanas, menos de 1/3 dos não-pobres trabalham na agricultura, sendo este grupo mais representado nos setores de “comércio e serviços” e “serviços públicos”.

Moçambique tem déficit dramático em profissionais com formação superior. Em 2000, no setor de educação, havia 752 profissionais com formação superior. Em 1998, toda administração pública tinha apenas 3% de profissionais com nível superior.

Os dados econômicos, no entanto, apontam para um país que vem crescendo. Segundo a CIA, em 2002, a economia moçambicana cresceu 8%, sendo o 12o maior crescimento no mundo, com uma inflação estimada em 15,2% ao ano. Em 2000, o crescimento industrial foi de 3,4%.
Indústrias de alimentos, bebidas, químicas, alumínio, produtos petrolíferos, cimento, vidro e tabaco estão instaladas no país. Segundo os dados da CIA, o setor industrial representa 23% da economia, o agrícola, 22% e o de serviços, 55% (2001).

Em 2002, o país exportou 680 milhões de dólares e importou 1,18 bilhões de dólares. Os principais parceiros comerciais para exportação são a África do Sul, o Zimbábue, o Japão, Portugal e Espanha. As importações vêm da África do Sul, de Portugal, dos Estados Unidos, do Reino Unido e da Austrália.

*matéria escrita em 2003. A Vale ganhou a concorrência para explorar Moatize em 2004.

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