Visita traz esperança a moçambicanos*
A exploração de carvão, o programa Fome Zero e as negociações para a instalação de uma fábrica de medicamentos antiretrovirais em Maputo, capital de Moçambique, são as principais expectativas levantadas pela imprensa moçambicana para a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Apesar de considerar a visita como relâmpago, a imprensa local deposita na vinda de Lula a Moçambique o aumento das relações de cooperação entre os dois países.
A visita tem sido anunciada uma semana antes por jornais e pela televisão, com destaque para a delegação de empresários que acompanha o presidente. A imprensa considera o Brasil como um país de confiança e que está superando os problemas da pobreza com tecnologia de ponta, programas sociais e no combate à Aids. Na sexta-feira antes da visita do presidente brasileiro, a edição do semanário independente Savana, que sai todas às sextas, a chamada de capa dizia “Lula da Silva: a esperança dos doentes de Sida”. No sábado retrasado, uma matéria na contra-capa do jornal “Diário de Moçambique”, anunciava a vinda de Lula como um “reforço das relações de amizade e de cooperação que podem gerar investimentos e desenvolvimento a Moçambique”.
Segundo a imprensa moçambicana, Lula deve se encontrar hoje (terça-feira) com o presidente Joaquim Chissano, em Maputo, e depois deve visitar projetos que contam com a assistência técnica do Brasil. O presidente deverá assinar acordos complementares nas áreas de Educação, Saúde, Administração Estatal, Juventude e Desportos, Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia, Agricultura, Recursos Minerais e Energia. Há expectativa de que uma parceria seja firmada entre o Laboratório Formaguinhos e o governo moçambicano para a instalação de uma fábrica de medicamentos anti-retrovirais, em Maputo, apesar de o governo brasileiro afirmar que existem dificuldades técnicas para que parte do resíduo da dívida moçambicana de cerca de 20 milhões de dólares com o Brasil possa ser usada na construção dessa fábrica.
Está prevista também uma visita do presidente a Tete, na região central, onde fica a mina de carvão de Moatize, a maior do país, localizada no Vale do Zambeze, que tem potencial de exploração estimado em mais 50 anos. De acordo com cálculos do governo moçambicano, os investimentos para a exploração do carvão e a reconstrução de 500 km de linhas férreas destruídas durante os anos de guerra são da ordem de 700 milhões de dólares. O investimento, somente na exploração das minas, com reservas estimadas em dez milhões de toneladas de carvão, é avaliado em 300 milhões de dólares.
O empresariado moçambicano está otimista quanto à possibilidade da Companhia Vale do Rio Doce fechar negócio no país. “Se o projeto de exploração do carvão sair do papel, surgirão muitas oportunidades de negócios paralelos”, diz Zaide Aly, presidente da Associação Comercial da Beira. Beira é a segunda maior cidade de Moçambique, com 500 mil habitantes, a 1.300 km da capital Maputo, onde está localizado um dos portos mais movimentados do país, ponto final da linha férrea que deverá ser utilizada para o escoamento do carvão.
*matéria escrita por mim no final de outubro de 2003. Será que o investimento brasileiro em Moçambique está dando resultados positivos?
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