quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Para Stefanny

O textinho abaixo escrevi para a Stefanny levar na escola e apresentar para seus colegas.


Meu nome é Mirella. Tenho 31 anos e sou jornalista. Estou escrevendo esse texto a pedido da Stefanny. Ela sabe que eu já morei na África e que voltei várias vezes àquele continente. É por isso que vou contar para vocês um pouquinho do que aprendi por lá.

A África é um continente muito grande. São, ao todo, 53 países. Cada país com uma cultura e uma história diferentes. Desses países, a língua portuguesa é um dos idiomas oficiais em cinco deles: Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné Bissau e São Tomé e Príncipe. Lá se fala português porque, assim como o Brasil, esses países também foram colonizados pelos portugueses. E foi assim que tanto a história do Brasil e da África se cruzaram.

Os portugueses trouxeram vários africanos como escravos para o Brasil. A escravidão foi, sem dúvida, um dos momentos mais cruéis da história da humanidade. Porque ao trazer aqueles africanos para o Brasil, os portugueses os tiravam a força de suas famílias e também tiravam sua dignidade. Os tratavam como mercadoria, os forçavam a trabalhar, os batiam, os maltratavam. É por isso que não podemos esquecer essa história. Porque, acima de tudo, não podemos jamais repeti-la.

Na época da escravatura, muitos negros refugiaram-se em quilombos, que eram áreas onde muitos afrodescendentes (negros e mestiços), se agrupavam para escapar da escravidão. O mais famoso quilombo foi o Quilombo dos Palmares, localizado onde é hoje o estrado de Alagoas. O Quilombo dos Palmares existiu por mais de um século, se tornando um símbolo da resistência africana à escravatura, que terminou oficialmente no Brasil com a assinatura da Lei Áurea.

Hoje, no Brasil vive a maior população negra do mundo fora da África. Foram esses negros trazidos como escravos que ajudaram a construir o Brasil de hoje. Eles trouxeram sua cultura, suas crenças, sua força, sua luta, sua música, sua culinária. Hoje há muitos brasileiros como você, como eu, como várias pessoas que conhecemos que são netos, bisnetos, tataranetos de descendentes de escravos e de ex-escravos. Somos todos brasileiros, iguais, apesar de diferentes cores de pele.

Conhecer nossa história é importante para entender o Brasil de hoje e para que possamos respeitar toda pessoa, independente de sua cor de pele. Por isso é que agradeço à Stefanny por me dar essa oportunidade de falar um pouquinho sobre a África e do africano que existe em cada um de nós brasileiros.

Com carinho,
Mirella

2 comentários:

Unknown disse...

Wow!!! So Wonderful...
Gostei do texto, Mirella. estás de parabens, a Stefanny tambem.

Um abraço grande.
Dino Jimbi

Mirella Domenich disse...

Saudades docê, Dino.
Beijão