segunda-feira, 9 de junho de 2008

Trabalho vountário II - ser ou não ser?

Segundo o dicionário Aurélio, o termo voluntário significa "que age espontaneamente, derivado de vontade própria; em que não há coação; espontâneo".

Na definição das Nações Unidas, "o voluntário é o jovem ou o adulto que, devido a seu interesse pessoal e ao seu espírito cívico, dedica parte de seu tempo, sem remuneração alguma, a diversas formas de atividades, organizadas ou não, de bem estar social ou outros campos..."

Bom, se eu usar a definição do Aurélio, 95% dos trabalhos que eu realizei na minha vida, pagos ou não, foram voluntários. Afinal, quase nunca fui forçada a fazer o que não quis, o que não acreditava.

Já, se eu usar a definição das Nações Unidas, só uns 2% dos trabalhos que já fiz na vida foram voluntários. Isso exclui meu trabalho em Moçambique. Afinal, lá eu recebia 100 dólares por mês para alimentação, transporte e lazer. Aliás, se for levar à risca a não remuneração, o que a ONU diz de seus próprios voluntários que ganham um bom salário para um trabalho que seria teoricamente sem remuneração? Nada contra alguém receber salário por seu trabalho, mas também não precisa chamar o cidadão de voluntário.

Enfim, eu acho que vale muito a pena trabalhar em países em desenvolvimento. O trabalho é necessário e gratificante. Muitas vezes, o trabalho voluntário é uma das únicas opções. E há várias dessas opções, desde ser voluntário da ONU (com salário, diga-se de passagem) a ter uma ajuda de custa bem básica ou até a pagar para ser voluntário (é só pesquisar que você irá achar várias agências de voluntariado que mais parecem agências de viagens).

Eu fui trabalhar como voluntária porque meu sonho era conhecer a África. Não a África dos safáris, mas a África desconhecida, ignorada nas aulas de história e nos jornais. Para mim, a experiência foi fantástica. Foi ótimo também viver em Moçambique com um salário baixo (mas maior do que o da maioria dos moçambicanos, que ganha menos de um dólar por dia). Os cem dólares que ganhava por mês foram, no entanto, suficientes para eu ter uma vida simples e conhecer de perto a realidade moçambicana. É bem diferente do que andar de carro, ir a bons restaurantes, não se preocupar com as contas no fim do mês. Andei de chapa (como as vans são conhecidas), comi feijão com massa (como os moçambicanos de Beira chamam a farinha de milho misturada com água), fui ao mercado central (um mercado a céu aberto que vende de tudo). Ou seja: tive a oportunidade de conhecer Moçambique de maneira que poucos estrangeiros conhecem. Isso foi essencial para eu entender a África que nunca existiu nos livros de escola.

Um comentário:

Anônimo disse...

adorava fazer o mesmo, como faço para ser voluntario?