"Pai Dembo, cujos pés descalços e empoeirados pareciam raízes de um baobá enorme que se erguia em direção ao céu dominado pelo sol inclemente, tinha a sabedoria de cem marabus. Pai Dembo era o sábio do povoado, que aspergia sobre todos suas histórias como lenitivo aos infortúnios da vida e como ensinamento de conduta. Pai Dembo era o avô de todos e conhecia a resposta de todas as questões.
- Papa Dembo, me diga, qual é a cor da África?
- A África, pequeno Chaka, é preta, tão preta quanto minha pele castigada há tanto tempo pelo sol. Ela é vermelha, como o sangue que teima em percorrer meu corpo. Ela é amarela como a areia do deserto. Ela é tão branca quanto a luz do sol no meio do dia. Ela é azul como a sombra que persegue o pequeno Chaka na noite mais escura. A África é verde como a folha mais alta da palmeira. Ela é dourada como o grande rio que nos impede de alcançar os pastos verdejantes. A África, pequeno Chaka, tem todas as cores da vida.
Papa Dembo morreu de velho. Levou sua sabedoria consigo. A tribo, desapareceu. Os mais jovens decidiram mudar-se para a cidade, em busca da outra sabedoria, os mais velhos foram levados pela tuberculose, pela malária e pela falta de sentido de suas vidas depois da morte de Dembo."
A foto acima foi tirada pelo Chris, no Malauí, quando fazíamos a cobertura das 3as eleições gerais no país, em 2004.
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3 comentários:
Longa vida ao blog, Mirella!
É preciso mesmo falar mais e com mais propriedade da África no Brasil.
Ainda não nos encontramos aqui em BSB, hein. Me passe teus novos contatos depois. bjão
É, e como certa vez eu vi no teu orkut, o Brasil também tem todas as cores da vida.
Me arrepiei, quando li na descrição, que o Brasil nasceu na África.
Dos meus sonhos, vc já conhece o que desejo ...
Parabéns pelo blog.
beijão
eu nao sei ainda porque quero conhecer a áfrica...em que caixinha eu clico na sua enquete? vou para serra leoa na terça!
ale
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