Numa rua qualquer em Luanda, Angola.
segunda-feira, 31 de março de 2008
sábado, 29 de março de 2008
Vida de artista
Quando você menos espera, Angola te brinda com pessoas especiais, únicas e talentosas. Foi numa tarde despretenciosa de um domingo que David levou eu e Chris ao encontro do senhor Kapela. A fachada de sua casa e galeria de arte está intacta, tomada pelas cores brancas e vermelhas do banco BIC. Lá dentro, no entanto, o tempo parou. A casa está destruída pelos anos de abandono. Mas é, com certeza, um dos lugares com mais vida em Luanda pois há arte por todos os cantos. Aqui só está um aperitivo do que se pode encontrar por lá. Em breve, postarei mais histórias sobre Kapela aqui.
sexta-feira, 28 de março de 2008
Oh, Luanda!
Se tem uma coisa que os portugueses souberam fazer, foi descobrir lugares lindos. Rio de Janeiro, Maputo e Luanda são cidades extremamente bonitas. Enquanto o Rio está mais preservado, Maputo e, principalmente Luanda, são cidades que, apesar de não terem sido castigadas diretamente pela guerra, sofreram indiretamente com ela.
Mas uma coisa é inegável: dá uma paz infinita observar o sol se pôr no Atlântico a partir da vista da avenida marginal, em Luanda. Há uma semana estava lá, admirando esse ceuzão da foto ao lado.
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quinta-feira, 27 de março de 2008
Todas as cores da vida
"Pai Dembo, cujos pés descalços e empoeirados pareciam raízes de um baobá enorme que se erguia em direção ao céu dominado pelo sol inclemente, tinha a sabedoria de cem marabus. Pai Dembo era o sábio do povoado, que aspergia sobre todos suas histórias como lenitivo aos infortúnios da vida e como ensinamento de conduta. Pai Dembo era o avô de todos e conhecia a resposta de todas as questões.
- Papa Dembo, me diga, qual é a cor da África?
- A África, pequeno Chaka, é preta, tão preta quanto minha pele castigada há tanto tempo pelo sol. Ela é vermelha, como o sangue que teima em percorrer meu corpo. Ela é amarela como a areia do deserto. Ela é tão branca quanto a luz do sol no meio do dia. Ela é azul como a sombra que persegue o pequeno Chaka na noite mais escura. A África é verde como a folha mais alta da palmeira. Ela é dourada como o grande rio que nos impede de alcançar os pastos verdejantes. A África, pequeno Chaka, tem todas as cores da vida.
Papa Dembo morreu de velho. Levou sua sabedoria consigo. A tribo, desapareceu. Os mais jovens decidiram mudar-se para a cidade, em busca da outra sabedoria, os mais velhos foram levados pela tuberculose, pela malária e pela falta de sentido de suas vidas depois da morte de Dembo."
A foto acima foi tirada pelo Chris, no Malauí, quando fazíamos a cobertura das 3as eleições gerais no país, em 2004.
- Papa Dembo, me diga, qual é a cor da África?
- A África, pequeno Chaka, é preta, tão preta quanto minha pele castigada há tanto tempo pelo sol. Ela é vermelha, como o sangue que teima em percorrer meu corpo. Ela é amarela como a areia do deserto. Ela é tão branca quanto a luz do sol no meio do dia. Ela é azul como a sombra que persegue o pequeno Chaka na noite mais escura. A África é verde como a folha mais alta da palmeira. Ela é dourada como o grande rio que nos impede de alcançar os pastos verdejantes. A África, pequeno Chaka, tem todas as cores da vida.
Papa Dembo morreu de velho. Levou sua sabedoria consigo. A tribo, desapareceu. Os mais jovens decidiram mudar-se para a cidade, em busca da outra sabedoria, os mais velhos foram levados pela tuberculose, pela malária e pela falta de sentido de suas vidas depois da morte de Dembo."
A foto acima foi tirada pelo Chris, no Malauí, quando fazíamos a cobertura das 3as eleições gerais no país, em 2004.
Que ignorância!
Ontem à noite lembrei muito de uma pergunta que um amigo angolano, Zeca, me fez outro dia: "Mirella, por quê os brasileiros têm uma imagem distorcida da África?". Bem, Zeca, é porque vivemos em estado de amnésia histórica. Há uma lei hoje que prevê o ensino de África nas escolas brasileiras. Não sei se a lei pegou ou não. Mas o pessoal da minha geração, com certeza, não aprendeu quase nada sobre África. Quantas vezes já não falei sobre Angola e Moçambique e as pessoas me perguntam onde ficam esses países. Muitos nem sabem que falamos a mesma língua. Outros ainda pensam que os africanos vivem em cima de árvores. E devem ser esses mesmos que ficam indignados quando os americanos perguntam se nossa capital é Buenos Aires.
Enfim, Zeca, como acabo de falar com você no MSN, a ignorância aqui também é fomentada pela imprensa. Quantas vezes não sugeri pautas a partir da África e meus coleguinhas não se interessaram. É uma pena. Ontem fui dormir indignada depois de assistir ao programa SBT Repórter que abordou o tema "brasileiros em Angola". Nooooossaaaa, quanta informação errada. Pra começar, o programa deve ter sido gravado há alguns anos, mas Hermano Henning não avisou os espectadores. Falou que kimbundo é uma língua falada em todo país, ignorando que há várias línguas faladas em Angola. Depois falou sobre o partido MPLA mostrando a bandeira de Angola. Ok, as bandeiras são parecidas e o partido se confunde com o governo. Mas, cá entre nós, o jornalista não precisa comprar o discurso. Nem consegui chegar ao final do programa de tamanho tédio, indignação e vergonha.
Zeca, desculpas. Enquanto vocês reconstroem seu país, nós precisamos reconstruir nossos valores.
A foto acima foi tirada em Luanda, Angola. Cidade agitada, em plena reconstrução.
quarta-feira, 26 de março de 2008
Saudades
Resolvi escrever este blog porque estou com saudades. No domingo passado voltei de Luanda, em Angola, para Brasília, onde moro. E agora estou com muitas saudades. Saudades das pessoas, das aventuras, do trabalho que desenvolvi por lá. Saudades de estar de volta às raízes do Brasil.
A partir de hoje, vou postar aqui lembraças que tenho da África, principalmente de Angola, de Moçambique e do Malauí, países onde vivi.
Fique à vontade para redescobrir o Brasil através da África. Foi assim que aconteceu comigo. E é assim que pode acontecer contigo.
A foto do lado foi tirada em dezembro de 2003, quando visitei a Ilha de Moçambique, primeira capital de Moçambique, pela primeira vez.
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