Da discussão sobre soberania à influência internacional, das pessoas pagas para serem cabos eleitorais à falta de diálogo entre os candidatos e os eleitores, “E a luta ainda continua...”, exibido pela primeira vez no país, traz um retrato geral do processo eleitoral moçambicano 2004 sob um viés jornalístico e histórico
Na semana que inaugura a campanha para as eleições gerais moçambicanas deste ano, o festival de documentário Dockanema exibe, em três sessões, o documentário “E a luta ainda continua...”. Dirigido pela jornalista brasileira Mirella Domenich e pelo repórter cinematográfico alemão H.-Christian Goertz, da produtora e consultoria em edu-comunicação Minibus Media, o documentário apresenta um retrato jornalístico da campanha eleitoral de Moçambique em 2004, com imagens e entrevistas jamais vistas no país. “A exibição do documentário em Moçambique nesse momento eleitoral crucial representa uma grande oportunidade para as pessoas debaterem o processo eleitoral tendo como exemplo o que aconteceu no passado”, diz acreditar Domenich.
A equipe da Minibus Media permaneu em Moçambique por dois meses, nos quais entrevistou os candidatos Armando Guebuza, Afonso Dhaklama e Raúl Domingos, representantes de doadores internacionais, historiadores, cabos eleitorais e eleitores. Imagens de comícios e da campanha eleitoral veiculada na televisão dão o tom do processo eleitoral. Um ponto-chave do documentário é a visita de três jovens eleitores às sedes da Frelimo, da Renamo e do PDD, na Beira, na província de Sofala.
“Procuramos mostrar como seria a recepção de eleitores comuns pelos políticos e o quanto cada partido estaria disposto a informar seus projetos para eles”, afirma Goertz. Da quase recusa à entrevista no comitê da Frelimo à guerra sob a percepção da Renamo, o documentário demonstra que aqueles jovens não aprenderam na escola a história de seu próprio país.
“Presenciamos o dia-a-dia de cabos eleitorais que ganham camisolas e capulanas para partipar da campanha sem ao menos saber as propostas dos políticos. Mas o que mais me chocou foi o fato de jovens que frequentam a escola não conhecerem a história moçambicana”, diz Domenich. “Por outro lado, também percebi que muitas perguntas feitas pelos jovens eram originais e diferentes das que eu faria. A partir daí, procuramos reestruturar o trabalho da Minibus Media, que hoje é focado em ensinar cidadãos de países em desenvolvimento técnicas de jornalismo e de vídeo para que eles próprios produzam sua informação”, completa.
Apesar de a liberdade de expressão ter sido questionada no documentário, inclusive com menção ao assassinato de Carlos Cardoso, os documentaristas dizem que não sofreram nenhum tipo de repressão em sua cobertura. “Houve muita desconfiança e burocracia para filmar monumentos e algumas cenas na rua e entrevistas, mas, de maneira geral, conseguimos coletar todas as informações necessárias”, diz Goertz.
O documentário é uma produção independente da Minibus Media, que recebeu apoio para acomodação do Hotel Polana e para transporte aéreo da LAM. A equipe contou também com o suporte do historiador moçambicano Humberto Ossemane para a pesquisa de informações.
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Para assistir a trechos e ao trailer do documentário, visite http://www.minibusmedia.org/en/projects/elections-in-mozambique (é necessário abrir com Firefox)
Para saber mais sobre o Dockanema, visite http://www.dockanema.org/pluck/?file=kop1.php
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Serviço:
Documentário: E a luta ainda continua...
Data: 17/09/09
Local: Cine Scala, Maputo
Horário: 16h
Data: 18/09/09
Local: UEM-Faculdade de Letras e Ciencias Sociais, Maputo
Horário: 14h
Data: 20/09/09
Local: CCFM-Centro Cultural Franco-Mocambicano, Maputo
Horário: 16h
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Mais informações:
Minibus Media – www.minibusmedia.org
Mirella Domenich: mirella@minibusmedia.org
H.-Christian Goertz: chris@minibusmedia.org
segunda-feira, 14 de setembro de 2009
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